9º dia de
viagem.
Gêiseres Del Tatio
Gêiseres Del Tatio
Nos reunimos na noite
anterior após voltarmos da rua a fim de discutir o itinerário da volta. Nossa
disposição meio que derreteu após o passeio às lagunas e tendo em vista esse
fato discutimos duas alternativas.
A primeira seria descer até Santiago e voltarmos cruzando o
túnel Cristo Redentor, essa alternativa aumentaria a nossa viagem em mais de
mil quilômetros e consequentemente no mínimo mais dois dias. A segunda
alternativa seria retornar pelo caminho da vinda, cruzando novamente a
cordilheira pelo Paso Jama. Como batia forte a vontade de voltar para casa, a
segunda opção foi uma escolha natural e unânime.
Na madrugada seguinte quando o micro ônibus chegou, já
estávamos esperando na porta do Hostel, a noite estava gelada e escura, sem
lua. Nem havíamos deixado o vilarejo e eu já havia pegado no sono, acordando
somente na hora que paramos na entrada do parque dos gêiseres, não vi nem a
hora em que um dos meus amigos pagou a minha entrada.
Fomos informados pelo guia que a temperatura externa estava
em torno de -8ºC e que o dia ainda levaria alguns minutos para começar a
clarear. Como estávamos espertos, todos fomos bem agasalhados.
Poças de água congelada |
Lá o ar rarefeito torna qualquer esforço bem difícil e se
você não estiver com o espírito preparado, com certeza vai azedar o seu dia.
Particularmente achei o passeio as Lagunas bem melhor, de modo que hoje eu
recomendo fazer primeiro o passeio dos gêiseres, deixando o melhor para o fim.
Demos umas voltas por ali, batemos umas fotos e fomos tomar
o café da manhã que foi devidamente aquecido com energia geotérmica. Depois nos encaminhamos a piscina de água
termal, que oferecia águas a 35ºC, resolvemos não arriscar a entrar, pois
encarar uma semana sobre a moto com gripe não seria fácil.
Piscina de água termal |
Melhor não arriscar...hehe |
Como o passeio é “curto” os chilenos inventaram uma parada
no meio do caminho da volta, em um vilarejo chamado Machuca, na minha opinião esse
é o maior “Fake” da viagem.
Lá uma dúzia de casinhas de adobe trancadas e uma igrejinha com cara de antiga, recebem os turistas, oferecendo churrasquinho que dizem ser de lhama e empanadas com coca cola.
Churrasquinho de lhama |
Igrejinha de San "Fake" |
Acho que quando os turistas vão embora, os
chilenos fecham tudo aquilo e vão para S. P. de Atacama, retornam no dia
seguinte.
Antes das 13:00 hs, já estávamos na cidade, fomos almoçar e
depois da cochilada da tarde arrumamos as coisas para a partida do dia
seguinte. Aproveitamos para dar uma revisão e fazer a manutenção nas motos,
trocar o óleo do motor, lubrificar correntes e completar os tanques de
combustível.
Eu o Marino trocamos o lubrificante de nossas motos sem
problemas, mas o Carlos não conseguiu soltar o parafuso do bujão da moto dele e
após maldizer o nome do mecânico que fez a revisão, saiu a procura de uma
oficina mecânica. Uns 40 minutos depois voltou sem conseguir fazer o serviço,
ficamos preocupados pois se no sábado não trocou, no domingo muito menos. Logo
ele teria que seguir viagem sem trocar o óleo e tentar achar alguém em Calama
ou Antofagasta.
À noite Eu e o Carlos saímos afim de tomarmos umas cervejas
e ao chegar ao boteco, fizemos sinal ao garçom que queríamos uma mesa o mesmo
nos respondeu em português que teríamos que esperar pois estava lotado.
Pedimos uma Corona e começamos os trabalhos meio que do lado
de fora do boteco encostados na ponta do balcão, havia ali também um senhor já
bem maduro que estava tomando uma cerveja e roendo as unhas e como nós a espera
de uma mesa, acompanhando o jogo de
futebol pela TV do bar.
Alguns minutos depois dois rapazes com cara de europeus
levantaram e desocuparam uma mesa, o garçom nos fez sinal. Eu me dei conta que
o Sr. estava na nossa frente e conseqüentemente teria preferência à mesa, então
disse para ele sentar-se, ele fez sinal
de negativo com a mão e nos deu a preferência. Virei para mesa do lado e pedi
uma cadeira que estava vazia, peguei o camarada pelo braço e sob protestos de
“no, no, gracias” arrastei o mesmo para se sentar conosco.
O camarada que já não me lembro o nome é um advogado de
Santiago e estava de férias com a família e havia fugido para o bar para
acompanhar o jogo de futebol. Ficamos ali umas boas horas, desfrutando da
cerveja e da companhia do nosso amigo chileno que se declarou apaixonado pelo
Brasil e assíduo freqüentador de nossas praias.
Voltamos meio “borrachos” para o hostel.