Dia 26 de Novembro - 12º dia de viagem.
San Pedro de Atacama
X Salta
Como nós já havíamos nos tornado
motociclistas estradeiros veteranos, Saímos bem cedo e agasalhados de San
Pedro, para chegar o mais cedo possível em Salta. Sabíamos
que a travessia não era brincadeira e não cometeríamos os erros da vinda.
Saímos de San Pedro contentes por
não termos de fazer os tramites aduaneiros ali e depois de rodar uns vinte
quilômetros já havíamos subido bastante e estávamos aos pés do vulcão
Licancabur, onde paramos para bater umas fotos. O frio da vinda persistia mais
dessa vez o vento soprava a nosso favor e não sei se por conta disso ou pelo
fato de contarmos com um combustível de melhor qualidade a viagem foi outra, as
motos rendiam bem e raramente eu reduzia a marcha mantendo uma velocidade
constante de 100km/h. Talvez os dois fatos juntos combustível e vento, tenham
se associado.
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Início do retorno |
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Vulcão Licancabur |
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Carlos Mendes |
Chegamos à fronteira e fizemos os
tramites para deixar o Chile e sem complicações entramos na Argentina. O
oficial da Gendarmeria argentina conferiu os papeis e nos abriu a cancela sem
problemas. Paramos no YPF para abastecer e tomar um café além de comer um
salgado.
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Fronteira de um lado |
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Fronteira do outro lado |
Conversamos com uma brasileira do
sul do país, bem jovem e bonita que carregava uma menina de uns 5 ou 6 anos
meio desfalecida nos braços. Elas estavam acompanhando o marido que junto com
outro motorista pilotavam duas carretas transportando enormes tratores que se
destinavam a alguma mina no Chile.
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Complexo fronteiriço de Paso Jama |
Ela nos contou que havia passado
a noite ali, esperando o dia clarear para atravessar para o Chile e que estavam
sofrendo muito com a altitude, particularmente a menina que havia chorado muito
devido ao mal estar. Ficou admirada com nossa viagem e nos chamou de loucos por
estarmos ali, pensei mais não falei, que louca e desinformada era ela em expor
uma criança tão nova aquela situação, passar a noite naquela altitude.
Antes do meio dia estávamos
almoçando no posto YPF de Susques o mesmo da vinda, detalhe é que eu vinha na
frente dos amigos, entrei e fui abastecer. Como os amigos estavam demorando um
pouco fiquei na beira da pista para sinalizar para eles, se tivesse guardado a
moto na garagem do restaurante, com certeza teriam passado direto.
Não perdemos tempo ali comemos rapidamente
um lanche e nos mandamos. Gozado ver as paisagens no sentido contrario, parece
outra viagem. Vimos muitos animais silvestres nesse trecho o que mais gostei
foi um pequeno lobo que comia um resto de carcaça na beira da pista, mais que
por ser muito tímido não ficou esperando eu pegar a maquina fotográfica.
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Lhamas selvagens |
Cruzamos o restante da cordilheira
praticamente sem paradas e consequentemente sem fotos. Lá pelas 16:00hs já
estávamos na Encuesta Lipan. Descendo a cordilheira do lado argentino.
O Carlos vinha liderando o grupo
a uns 200 metros
na minha frente, eu vinha curtindo as curvas fechadas deitando a moto e
“viajando” nas curvas. Quando ao entrar em uma dei de cara com uma faixa de uns
50 metros
de terra solta, profunda e fofa como talco. Perdi o equilíbrio e a moto
balançou de um lado para o outro, sem brecar meti os pés no chão para tentar
estabilizar. Sai do outro lado todo sujo de poeira, ao chegar em Purmamarca
parei ao lado do Carlos que nos esperava e fui espanar um pouco da poeira. O
Marino perguntou o que tinha sido aquilo e eu disse que estava pensando em
terminar a descida voando, mais mudei de idéia. Esse foi o meu primeiro grande
susto da viagem, mais infelizmente não seria o último.
Conversamos e decidimos tocar até
San Salvador de Jujuy onde abasteceríamos. No trecho entre Purmamarca e San
Salvador o tempo fechou rapidamente e juntamente com a neblina começou a cair
uma chuva fininha, paramos e colocamos nossas capas. Pelo retrovisor vi algumas
motos que se aproximavam e rapidamente varias motos grandes todas de
brasileiros nos ultrapassaram e foram embora e nem sequer se deram ao trabalho
de nos cumprimentar (espírito de motociclista??).
Chegarmos em San Salvador,.a
chuva já estava parando, como não encontramos posto de gasolina na estrada
entramos na cidade, que por sinal é bem grande.
Enquanto abastecíamos, fui
conversar com um taxista que dirigia um Uno Mile igual ao que eu dirigia quando
era taxista e pedi informação sobre uma concessionária Honda, para trocar o
óleo da Falcon do Carlos, note que eu estava mais preocupado que ele, hehe...
Combinamos e o motorista nos levou
lá pelo preço de alguns Pesos. A oficina da concessionária era muito bem
equipada e a galera ficou bem feliz de nos ajudar, se interessaram pela viagem
e particularmente pela XRE, que era uma novidade na Argentina. Além de trocar o
óleo e o filtro, regularam a corrente e o preço foi uma merreca, se comparado
com a facada que tomaria se fosse no Brasil.
Quando terminaram o serviço já
era mais de 18:00hs, eu queria procurar um hotel e ficar ali, mais os colegas
queriam tocar até Salta, para comemorar o aniversário do Carlos no Paseo
Balcarce. Seguimos pela auto pista RN 66 que realmente
se mostrou muito mais rápida para fazer o caminho até Salta. Então digo
novamente, se for para San Pedro a partir de Salta, ou sai bem cedo para ir
pela RN 9 ou vai pela autopista.
Apesar do movimento intenso,
chegamos em Salta ainda com luz do dia, no horário pico da tarde, havíamos
resolvido não voltar ao Hostel Coloria, então marcamos alguns hotéis no GPS e
saímos na captura. Já no primeiro hotel na avenida Entre Rios, Hotel Pacha encontramos qualidade e preço,
como dispunha de garagem e estava mais perto do “Paseo” não pensamos duas
vezes.
Havia no estacionamento duas XRE
argentinas, com configuração de cores bem diferentes das nossas, montadas para
viagem e bem sujas. Infelizmente não consegui conversar com os proprietários.
Á noite saímos e fomos comemorar
o aniversário do amigo no Paseo Balcarce, tomando Cerveja Salta e comendo uma
dozena de empanados de lhama.