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domingo, 15 de dezembro de 2013

Dia 16 de Novembro - 2º dia de viagem.



Embora eu acredite que todos tenham os mesmos direitos e devem ser tratados com igual respeito, particularmente não acredito que as pessoas são iguais, acho que existem pessoas que se destacam e efetivamente são dotadas de talentos especiais, um exemplo disso é meu amigo Carlos Mendes que conduz a motocicleta como se ela fosse parte integrante de seu corpo, tem uma tocada elegante, transmite confiança e segurança. De minha parte tenho uma opinião bastante modesta a meu respeito, não acredito que tenha qualquer “dom” especial, todas as coisas que eu faço para atingirem um resultado satisfatório carecem de esforço e paciência. Ao pilotar uma motocicleta não é diferente, talvez por ter aprendido a pilotar já bem maduro, a moto se comporta como um “ente” que tem vontade própria e cada manobra deve ser calculada, sob pena de pagar caro pela falta de intimidade.

O destino do nosso segundo dia seria a cidade de Presidência roque Sanz Pena, distante 660km de Montecarlo. 



O dia começou bem cedo, pois apesar de ter ido dormir na véspera bem tarde, acordei no horário de costume 7:00 hs (horário do Brasil) ou 6:00 hs (horário da Argentina), enrolei um pouco na cama depois tomei um banho e um Dorflex, para reduzir o efeito da(s) Quilmes da véspera, quando sai do banheiro os colegas já estavam acordados. Pensei...Beleza hoje vai ser mais fácil a distância é menor e vamos sair cedo.



Sai ao pátio do hotel e encontrei um senhor e ao conversar com ele descobri que o mesmo era brasileiro de Santa Catarina e que estava com a esposa e alguns parentes viajando em um Apolo e já estavam retornando ao Brasil depois de conhecer a região, como decidimos tomar o café da manhã no hotel e o mesmo só seria servido a partir das 09:00 hs não tínhamos muita pressa, ficamos por ali batendo papo.



Tomamos um bom café da manhã, acima da média para os padrões da Argentina, depois tranquilamente arrumamos as coisas nas motos, acertamos o hotel, batemos mais um pouco de papo, descobrimos que um senhor dono de uma loja de ferramentas estava trocando dólares em uma cotação muito boa, US$1,00 por $9,60 (Peso argentino, isso mesmo só o $), batemos fotos, mais um pouco de papo, trocamos dólares na loja de ferramentas, abastecemos as motos, lubrificamos as correntes e partimos, às 11:00hs (horário da Argentina),....Ué não íamos sair cedo?





Observação: A partir daí acertei meus relógios com o horário local e não usei mais o do Brasil.

A parte da troca dos dólares foi um capitulo a parte, a loja ficava na avenida principal da cidade, a umas três quadras do hotel, cheguei lá sem dificuldade, entrei e perguntei ao balconista se era ali que havia um senhor interessado em trocar dólares e ele pediu um minuto e foi conversar com um senhor nos fundos da loja. O mesmo veio em seguida e perguntou quantos dólares eu queria trocar e eu disse cem, ele fez sinal com a cabeça que sim, ao falar para ele que estava acompanhado de dois amigos que também queriam ele disse que tinha que ver, pois não tinha muito dinheiro.

Ficamos nos fundos da loja conversando com ele algum tempo. Cada um trocou cem dólares, depois eu pedi mais cem, ele estava visivelmente preocupado, perguntou a origem dos dólares, de onde éramos, para onde iríamos, olhou as notas, colocou contra a luz, mais sempre conversando de forma gentil e educada, falou que pretendia vir ao Brasil no ano novo e que amava o Brasil e gostava muito do povo, brasileiro. Quando já estávamos do lado de fora da loja nos preparando para partir ele saiu e veio ao nosso encontro, pediu que se possível, passar pela loja dele na volta, para contar como tinha sido a viagem.

Saímos da cidade e estávamos aproveitando a rodovia que é muito boa (RN 12), íamos subindo e descendo as vezes passando entre pequenas cidades, logo o Carlos que ia a frente parou para pegar uma blusa no baú e fumar um cigarro, informou que ia dar uma esticada pois íamos muito devagar e a moto dele perdia muita velocidade nas subidas, por conta da relação que ele tinha colocado na Falcon, comentei que logo à frente estavam as ruínas da Redução de San Ignácio Mini e que valia a pena dar uma parada para conhecer.

Seguimos e logo o Carlos se distanciou, o reencontramos à beira da estrada no acesso a Redução. Achamos um restaurante bem à porta do museu e decidimos almoçar. Fomos muito bem atendidos, pelo proprietário que se dizia brasileiro do Rio Grande do Sul e lá tive a oportunidade de experimentar pela primeira vez o tal “lomo” sem dúvida o bife mais macio que eu havia comido até então.



Almoçamos com calma, batemos fotos e depois entramos nas ruínas da Redução Jesuíta, que no Brasil chama-se Missão Jesuíta, ficamos por ali uns quarenta minutos e depois pegamos estrada novamente. Nessa região encontramos muitos postos de gasolina e íamos tocando e abastecendo a cada 150km, o Carlos as vezes andava conosco as vezes se distanciava.


Maquete da Redução
 












Seguimos em ótimas estradas até a cidade de Posadas onde há uma grande obra viária, estão construindo lá tipo um anel viário e um grande elevado para facilitar o transito da rodovia.

Era como se estivéssemos rodando no sul do Brasil, a terra “roxa” de Missiones, nos faz sentir no Paraná. À medida que se vai descendo para o sul o solo e a vegetação vai ficando mais pobre e quando se está na província de Corrientes a paisagem já mudou totalmente, não se vê mais matas, aí só tem campos planos com muito gado criado a pasto. Viaja-se ao lado do Rio Paraná às vezes a poucos metros dele.

RN12 - Corrientes



Demos mole em posadas e por conta das obras e do movimento não abastecemos as motos e pouco depois já estávamos preocupados, pois tínhamos um longo trecho sem postos, até chegar em Ituzaingó a próxima cidade. Vinha na frente e minha moto entrou na reserva, tirei a mão do acelerador e a velocidade caiu para 80km/h, o Carlos emparelhou, fiz sinal de negativo e apontei para o tanque, ele acelerou e rapidamente se distanciou.

Seguimos nessa tocadinha curtindo o visual, era sábado e havia muita gente pescando nas lagoas as margens da estrada, ao passarmos por um pedágio, um senhor nos informou que a cidade estava bem à frente e que o nosso amigo havia passado a pouco e também tinha perguntado sobre o posto de gasolina.

Entramos em Ituzaingó e não gostamos do primeiro posto que encontramos, tocamos mais umas duas quadras e encontramos um YPF, paramos e abastecemos as motos, na minha coube 12 litros...hehe..., comemos, bebemos e ficamos ali parados conversando com alguns brasileiros (Caracas! Como tem brasileiro na Argentina).

Calculamos que iríamos encontrar o Carlos na cidade, no posto ou no acesso, ficamos por ali cerca de meia hora e nada, então resolvemos tocar. Estávamos saído da cidade eu na frente seguido pelo Marino, quando vi pelo espelho que o colega havia sido abordado por um carro, depois fiquei sabendo que era uma moça oferecendo ajuda, perguntando se estávamos perdidos e se queríamos que ela nos conduzisse até a saída da cidade. Um pouco depois da entrada da cidade tem outro YPF, paramos lá e perguntamos ao frentista se ele havia visto outro brasileiro de moto por ali e ele disse que não, então concluímos que o Carlos abasteceu na cidade e tocou viagem, com certeza iríamos encontra-lo no caminho.

Pouco tempo depois já estávamos chegando a cidade de Corrientes, paramos antes da entrada da cidade e abastecemos novamente e nada do Carlos. Um parceiro da internet havia me alertado que ao chegarmos na cidade, deveríamos sair da via expressa e pegar a via local que lá se chama “coletora” pois era proibido moto andar na via expressa e que na entrada da ponte há uma arapuca da policia que só não toma dinheiro de brasileiro se não ver o cara passando. Pensando nisso limpei a carteira e deixei lá só $74,00 (setenta e quatro pesos), dinheiro que mal daria para encher o tanque da moto.

Mesmo sendo sábado o transito estava complicado, seguimos pela via coletora e passamos direto pela última entrada para a ponte, fizemos a volta no quarteirão e entramos na alça da ponte e a tal arapuca estava lá e não deu outra, o FDP mandou encostar. Olhou meus documentos, informou que era proibido andar com GPS ligado na moto e que a multa era de $1.400,00 (pesos) foi até a guarita e preencheu a multa no computador, informando que me daria o prazo de 30 dias para pagar sob pena de não fazer a saída da moto do pais.

Então foi a minha vez, dei aquela chorada, disse que era nossa primeira vez na Argentina e que estávamos adorando o pais e se não seria possível ele apenas aplicar uma “correcion verbal” ...hehe....O cretino fez cara de puta e perguntou de onde eu era e qual minha profissão, aí disse para esperar um minuto que ele ia falar com o chefe na guarita.

Saindo da guarita, que com certeza estava vazia, ele disse algo como...o chefe mandou liberar você, mais deve deixar uma colaboração no valor de metade da multa. Abri a carteira e tirei o dinheiro, mostrei para ele e falei que nosso destino do dia era Resistência e que iríamos providenciar pesos lá e que não tinha mais nada, contrariado ele falou que por menos de $ 350,00 ele iria fazer a multa, chorei mais um pouco e tirei $50,00, fui colocar na mão dele, ele deu um pulo para traz e disse em português, ...Lá dentro! Lá dentro! Entrei na parte da frente da guarita e deixei a minha “contribuicion” sobre a mesa, montei na moto e atravessamos a ponte, do amigo Marino eles olharam os documentos e não falaram nada do GPS, mais tarde fiquei sabendo que eles também morderam o Carlos.

Atravessamos a ponte e do outro lado paramos para discutir o que fazer da vida, já era mais de 20:30hs e em breve iria escurecer e teríamos mais 150km para chegar em Presidência Roque Sanz Pena. A essa altura nossa ultima esperança de encontrar o Carlos era no Hotel em que havíamos feito reserva, então decidimos tocar até lá.

Mais um dia com  motocada a noite, exatamente o contrario que havíamos combinado. Por sorte a estrada era boa e a noite ajudava, apesar dos inseto, chegamos em Presidência um pouco depois das 22:00hs, o GPS fez o caminho mais curto para o hotel e entramos na cidade pela periferia da Zona Leste, bem feio o lugar, ficamos preocupados e tratamos de seguir para a região central o mais rápido possível, demos uma parada num lugar melhor e novamente um argentino jogou o carro na frente das motos e veio oferecer ajuda, perguntou as mesmas coisas e se prontificou a nos conduzir até nosso hotel.

Havia feito reserva no Hotel Cassino Gualok, ao chegar lá fiquei admirado com a beleza do lugar, entrei e me informei sobre nossa reserva e sobre a presença do Carlos, como ele não estava lá, teríamos que dividir a conta do quarto triplo em dois, fizemos uma rápida conversão e achamos que ficaria caro, então desistimos de ficar ali. Marquei no GPS o Hotel Presidência, que eu já sabia que também era bem bom e em menos de cinco minutos estávamos lá, com as motos estacionadas e alojados no quarto tentando fazer contato com o Carlos via Facebook.

Pouco tempo depois quando estávamos nos preparando para sair para jantar, o Carlos entrou em contato informando que havia acabado de chegar em Presidência e que estava instalado em outro hotel e como estava muito cansado iria tomar banho e dormir e se encontraria conosco no dia seguinte para seguir viagem.

Sacada do Hotel Presidente


Aliviados saímos para jantar e para aproveitar um pouco do movimento de sábado a noite na cidade que estava fervendo. Arrumamos uma lanchonete enorme com varias mesas na calçada, tomamos mais umas Quilmes e comemos um lanche gigante chamado “lomito” que é um bifão com ovo e outros recheios.

Lá as motoquinhas de 100cc fazem a festa, a molecada de Rancharia ia enlouquecer, pois a farra é geral, todo mundo sem capacete e andando de dois, de três até de quatro na motoquinha, vi até um homen com uma criancinha na frente e a mulher na garupa dando de mamar para o bebe, tudo isso sobre uma scooter xing ling...Compramos água e voltamos para o hotel para dormir.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Dia 15 de Novembro, 1º dia de viagem. Segunda parte.



                                                Parte 2 – Na Argentina




Fizemos os tramites na aduana rapidamente, conversamos com o oficial que nos advertiu para ficarmos na cidade (Bernardo de Irigoyem), pois estava prevista forte tempestade com possibilidade de granizo naquela noite, ignoramos o aviso, trocamos alguns dólares por pesos com um cambista que estava do lado argentino da aduana e partimos em busca de um posto, eu estava eufórico.

Em um cruzamento aguardando o semáforo abrir, éramos observados por um grupo de garotas que saíram da escola, todas de uniforme com aquelas saias características. Errei a marcha da moto e ela morreu o Carlos que estava atraz não conseguiu desviar aí foi só o barulho do baú da moto dele chocando-se com o baú da minha moto, foi um solavanco e tanto mais não perdemos o equilíbrio. Depois descobri que a colisão quebrou o suporte do meu baú que a partir daí ganhou um elástico extra para fixar bem.

Logo na saída da cidade havia um comando da Policia Caminera e eu pensei...Pronto lá vai “contribuicion”! Mais os policiais não demonstraram interesse em nós só fizeram sinal com a mão para passarmos e fomos embora, rodamos mais alguns minutos e o Marino já deu seta, paramos e fomos guardar os objetos que molham, pois o tempo estava ficando feio.

De cabeça eu lembrava que o trecho entre a fronteira e a cidade de Eldorado era algo em torno de 120km e que era bem deserto, depois teríamos mais 20km até Montecarlo, a noite foi caindo, o tempo fechando e não demorou para desabar a tal tempestade. O que estava tenso por causa do horário ficou pior pela chuva.

Reduzimos a velocidade e os 120km até Eldorado pareciam ser 300km, não rendia e estava realmente perigoso, só não foi pior porque a estrada é bem deserta e raramente éramos ultrapassados, fomos em formação compacta, assim os faróis iluminavam melhor, eu estava na frente mais logo pedi para outro liderar o Marino tomou a frente e após uns 20 minutos ele diminuiu muito a velocidade e eu entendi que ele não estava conseguindo enxergar por conta de ter embaçado o óculos, abri minha viseira e tomei a frente, sempre em velocidade reduzida e de viseira aberta fomos tocando.

Nunca tinha visto algo parecido, devido ao calor à chuva caia e ao entrar em contato com o asfalto quente, subia na forma de uma forte neblina. Num determinado momento notei a aproximação de um carro que pelo espelho parecia ser uma caminhonete, a mesma ficou alguns segundos atrás do Marino que era o último da fila e de repente o FDP saiu numa ultrapassagem bem arriscada, que quase tirou o Marino da pista.

Chegamos a Eldorado, com a unânime certeza que deveríamos ter ficado tomando cerveja em Dionísio Cerqueira.

Paramos logo na entrada de Eldorado a fim de nos localizarmos, notamos que a cidade estava às escuras, sem energia, acho que devido as chuvas e aí tomamos outro susto quando um cara com uma saveiro, jogou o carro na frente das motos e já desceu falando.



Hola ustedes son brasileño?
Se pierden?
Necesitas algo?
Puedo ayudarle?

También soy mociclista!



Com os olhos arregalados começamos a explicar que estávamos com reserva num hotel em Montecarlo e que queríamos ir para lá, ele se ofereceu para nos levar até a saída da cidade e que deveríamos segui-lo, observei que havia uma mulher dentro do carro isso me deixou mais tranqüilo em segui-lo.

Fomos por uma via paralela que desviou do centro e ele nos deixou em um posto YPF na saída da cidade, trocamos alguma palavras ele disse que era pena termos que ir, pois poderíamos ficar em Eldorado que tinha muitos hotéis e que ele nos levaria para conhecer a cidade, que tinha até cassino, agradecemos e demos uns adesivos para ele e ele nos deu um cartão, se não me engano ele é mecânico de motos e tem uma oficina na cidade, tenho que dar uma busca para ver se acho esse cartão, pois o cara é gente fina e pode ser de grande utilidade para quem se aventurar naquelas bandas e tiver algum problema.

Saímos de Eldorado, ainda tínhamos mais 20km pela frente, mais a chuva tinha parado e a estrada (RN12) é espetacular, em poucos minutos eu já tinha passado direto pela entrada da cidade, dei conta que estava sozinho e voltei uns 3 ou 4 quilômetros para encontrar os amigos conversando na entrada da cidade. O meu GPS estava desligado e guardado dentro do baú por conta de não ser a prova d’agua, então tivemos que chegar no hotel na base da pergunta.

Chegamos ao Hotel Cabanas lãs Orquídeas, às 22:30hs (local) 23:30hs do Brasil, pilotamos mais de 880km em 18 horas, estávamos cansados, molhados, com fome e sede, fomos atendidos por uma mulher assustada que me pediu o papel da reserva do site e após nos acomodar, ainda nos forneceu a senha do Wifi e se prontificou a pedir algo para que pudéssemos comer, liguei para casa contando a aventura, tomamos banho e optamos em sair para comer uma pizza e fechar o dia com uma Quilmes bem gelada.

Link do Hotel Cabañas Las Orquideas:  http://www.orquideasmontecarlo.com.ar/

Hotel Cabañas Las Orquideas

 
Fim de noite Pizza e Quilmes

Dia 15 de Novembro, 1º dia de viagem.





                                                                  Parte 1 – No Brasil




Marquei de encontrar com o Marino às 5hs da manhã, no posto de combustível Santa Luzia, por conta do mesmo funcionar 24 horas, lá estava aquele movimentinho de fim de noite de véspera de feriado, uma galerinha bem loca de cachaça curtindo um “sertanojo universitário”, encostei por ali e fique observando e sendo observado, o amigo chegou pontualmente às 5:40hs,  tentei ligar alguma vezes no celular, mais o mesmo estava desligado, pensando que ele não iria acordar, já estava pronto para ir acorda-lo quando vi ao longe o farol da moto que se aproximava, pensei beleza vamos embora.

Ele encostou, nos cumprimentamos, trocamos alguma palavras, terminamos de montar o inter-comunicador e pedimos para um amigo bater uma foto para registrar o momento da partida, subimos nas motos e partimos.




Logo estávamos na estrada íamos conversando pelo inter-comunicador e na conversa ele me alertou sobre o perigo de capivaras na pista, próximo ao Rio Capivari, os kilometros passavam rápido em pouco tempo já estávamos na ponte sobre o Rio Paranapanema e consequentemente no Paraná.

Seguimos naquela tocadinha de 100km por hora até Maringá, onde paramos no posto BR que fica logo na entrada da cidade, o movimento ali era intenso por conta do feriado, várias pessoas tomando café da manhã, pela primeira vez notei o impacto que as motos carregadas para a viagem causam nas pessoas, olhares, fotos e perguntas....Vão para onde?...De onde são? Etc...E quando ficavam sabendo do destino ficavam admiradas, com o tamanho da “loucura”. Logo o Marino encontrou um conhecido de Rancharia que ficou babando na viagem...Tomamos café e abastecemos as motos, aí pela segunda vez meti o pezão no estribo e subi na moto e “bora motocar”.

O dia estava muito bonito ótimo para andar de moto, a viagem estava rendendo bem e seguimos tocando forte até depois de Campo Mourão quando paramos em um posto para abastecer e tomar um refrigerante, perguntei para o Marino se ele estava com fome e ele disse que não, que iria apenas tomar um Dorflex, pois as costas já estavam doendo e depois poderíamos continuar, abastecemos e após pagar o combustível, meti o pezão no estribo e subi na moto que bem devagar adernou para a esquerda, levei uma fração de segundo para entender o que estava acontecendo, antes de ficar com a perna presa sob a moto dei um pulo e sai fora e a mesma deitou de lado sobre o baú, gritei no inter-comunicador...- Carai quebrei a moto!!!!. De imediato o Marino que já estava saindo respondeu...Oque???

Quando ele deu meia volta a minha moto já estava em pé, eu observava atônito o pezinho quebrado, pendurado pela mola. Ele apenas perguntou, como isso quebrou, eu respondi, estava subindo pelo estribo, ele apenas fez aquele movimento com a sobrancelha, fico imaginando o que ele pensou, pois não disse nada.

Pedi para o frentista que veio correndo ao ver a sena, segurar a moto enquanto eu guardava os pedaços do pezinho no baú e conversando pelo inter-comunicador decidimos continuar a viagem para entrar logo na Argentina, pois lá era dia útil e encontraríamos lojas e oficinas abertas.

Montei na moto com a ajuda do Marino foi difícil, pois a mala sobre o tanque impedia que eu passa-se a perna por cima para subir, mal saímos do posto e a moto apagou, já estava nervoso com o ocorrido e agora mais essa!! A moto morreu do nada!! Falei alguns palavrões e quando o Marino perguntou...Oque foi agora? A resposta já estava na ponta da língua...O sensor do pezinho! Rapidamente amarramos um arame para segurar o toco do pezinho que sem a mola abaixou e desligou a moto.

Mais uma vez subi na moto com dificuldade, só que dessa vez com outra técnica, em vez de ficar de lado para a moto fique de frente levantei bem a perna e consegui passar o pé sobre o banco, nesse momento a idéia de mandar rebaixar a moto não me pareceu tão ruim assim.

Tocamos viagem e ás 12:00hs paramos em um posto da Policia Rodoviária Federal para manter contato com o amigo Carlos Mendes, que teria saído de Jaraguá do Sul – SC no mesmo horário que nós e com o qual tínhamos marcado encontro por volta das 15:00hs em Dionísio Cerqueira. Ele informou que já estava a 160km do destino e que a viagem estava rendendo bem e que em mais uma hora e meia no maximo estaria lá, de nossa parte ainda tínhamos mais de 250km e chegaríamos lá na melhor das hipóteses as 15:00hs.

Seguimos viagem e depois de Cascavel viramos a esquerda com destino a Santa Catarina, pegamos a Rodovia PR 163 e aí nossa moleza acabou, estrada ruim muitos buracos e irregularidades no asfalto, sem acostamento e com enorme movimento de carretas, tínhamos que abastecer novamente, vimos um posto de combustível e entramos, de cara vi uma oficina e uma borracharia que estava aberta, desviei das bombas de combustível e encostei ao lado de uma carreta que estava fazendo um concerto em um pneu, abri o capacete e falei ao rapaz que concertava o pneu...A moto quebrou o pezinho você tem aparelho de solda aí? E para minha alegria a resposta foi “””SIM”””.

Colocamos a moto no macaco jacaré, desmontei o pezinho e em dez minutos o rapaz me devolveu o pezinho com uma solda mais bonita que a original e até pintado com tinta preto fosco, perguntei o valor e ele disse R$ 30,00 dei R$ 50,00 e agradeci o galhão que ele me quebrou. Perdemos aí mais de meia hora, nosso tempo se esgotava, a viagem que era tranqüila começou a ficar tensa por conta do horário e do calor.






Como aquela saída para Santa Catarina é ruim, a paisagem em volta é linda mais a estrada é péssima, já era mais de 15:00hs quando o Marino deu seta e parou, desceu da moto e falou...Cara não dá, estou passando mal! Ficamos um tempo ali, tomamos o resto de nossa água quente e comemos alguma bolachas, faltava ainda uns 40km para Capanema, quando o parceiro se sentiu melhor tocamos para lá, paramos em um posto dentro da cidade e fomos nos refrescar e comer algo.

Liguei novamente para o Carlos informando que estávamos a uns 80km e que em mais uma hora chegaríamos lá, logo que saímos da cidade o transito da estrada parou, como não vinha carro no sentido oposto fomos cortando a fila e a frente de um caminhão estava um hatch vermelho, talvez um Pálio que havia perdido o controle numa curva e batido de frente no caminhão, as pessoas ainda estavam dentro do carro e deu para ver a expressão de desespero da mulher que estava no banco do passageiro. Varias pessoas que desceram dos outros carros estavam prestando ajuda e alguém até nos xingou quando passamos pela contra mão e fomos embora, quando chegamos em Dionísio Cerqueira já era quase 18:00hs, o amigo Carlos estava esperando a quase cinco horas.

Nos encontramos no local marcado, finalmente depois de muitos contatos por email e alguns telefonemas tivemos a oportunidade de nos conhecer pessoalmente, conversamos rapidamente e decidimos seguir viagem e tentar chegar no destino do dia que seria Montecarlo, pequena cidade 20km ao sul de Eldorado.

Quando optei em fazer a reserva no hotel em Montecarlo, levei em conta que ao esticarmos a quilometragem no 1º dia reduziríamos a dos dias seguintes, assim rodaríamos algo em torno de 880km no primeiro dia e 600km nos dias seguintes, ficando assim mais tranqüilo para aproveitar a viagem.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A partir desse ponto, a teoria virou pratica.






                                                                             #Partiu

Bom chegou a nossa vez, agora era para valer, mais de dois anos se passaram entre o inicio das pesquisas e a realização da viagem, durante esse tempo li uma infinidade de relatos na internet, pessoas que não conheço pessoalmente se transformaram em referencia e suas aventuras fonte informação.

Na teoria montei um roteiro de quinze dias, que nos levaria a San Pedro de Atacama via Paso Jama e nos traria de volta via Paso Água Negra, mais na pratica, por conta do Paso Água Negra ainda estar fechado no período em que estaríamos viajando, decidimos seguir viagem e combinar o roteiro da volta em San Pedro do Atacama.

Tudo preparado malas e documentos arrumados, só nos restava partir. Pensei que iria ter dificuldade em dormir na véspera da viagem por conta da ansiedade que estava brava, mais isso não aconteceu, acabei de arrumar as coisas e fui dormir já era bem tarde e a última coisa que me veio a mente antes de apagar foi meu filho ...Será que Ele vai ficar bem?

Acordei um pouco depois das quatro horas, antes do despertador tocar, levantei rapidamente e em silêncio me despedi da família que não acordou, como tudo havia ficado pronto, só cai dentro da roupa, comi alguma coisa, bati as primeiras fotos e empurrei a moto para rua, como já sabia que não daria para subir na moto do jeito certo, por conta dos baús e da bolsa que estava sobre o banco, botei o pé no estribo e subi na moto, liguei a chave e BRUUUM a moto pegou, nesse momento a ansiedade sumiu.

Ativei o “modo sobrevivência”, engatei a primeira marcha e pronto, estava a caminho do Chile.....


                                                                      A bagagem

  
 
Moto pronta e carregada





 
XRE 300 Transandina