Marquei de encontrar com o Marino às 5hs da manhã, no posto
de combustível Santa Luzia, por conta do mesmo funcionar 24 horas, lá estava
aquele movimentinho de fim de noite de véspera de feriado, uma galerinha bem
loca de cachaça curtindo um “sertanojo universitário”, encostei por ali e fique
observando e sendo observado, o amigo chegou pontualmente às 5:40hs, tentei ligar alguma vezes no celular, mais o
mesmo estava desligado, pensando que ele não iria acordar, já estava pronto
para ir acorda-lo quando vi ao longe o farol da moto que se aproximava, pensei
beleza vamos embora.
Ele encostou, nos cumprimentamos, trocamos alguma palavras,
terminamos de montar o inter-comunicador e pedimos para um amigo bater uma foto
para registrar o momento da partida, subimos nas motos e partimos.
Logo estávamos na estrada íamos conversando pelo
inter-comunicador e na conversa ele me alertou sobre o perigo de capivaras na
pista, próximo ao Rio Capivari, os kilometros passavam rápido em pouco tempo já
estávamos na ponte sobre o Rio Paranapanema e consequentemente no Paraná.
Seguimos naquela tocadinha de 100km por hora até Maringá,
onde paramos no posto BR que fica logo na entrada da cidade, o movimento ali
era intenso por conta do feriado, várias pessoas tomando café da manhã, pela
primeira vez notei o impacto que as motos carregadas para a viagem causam nas
pessoas, olhares, fotos e perguntas....Vão para onde?...De onde são? Etc...E
quando ficavam sabendo do destino ficavam admiradas, com o tamanho da
“loucura”. Logo o Marino encontrou um conhecido de Rancharia que ficou babando
na viagem...Tomamos café e abastecemos as motos, aí pela segunda vez meti o
pezão no estribo e subi na moto e “bora motocar”.
O dia estava muito bonito ótimo para andar de moto, a viagem
estava rendendo bem e seguimos tocando forte até depois de Campo Mourão quando
paramos em um posto para abastecer e tomar um refrigerante, perguntei para o
Marino se ele estava com fome e ele disse que não, que iria apenas tomar um
Dorflex, pois as costas já estavam doendo e depois poderíamos continuar,
abastecemos e após pagar o combustível, meti o pezão no estribo e subi na moto
que bem devagar adernou para a esquerda, levei uma fração de segundo para
entender o que estava acontecendo, antes de ficar com a perna presa sob a moto
dei um pulo e sai fora e a mesma deitou de lado sobre o baú, gritei no
inter-comunicador...- Carai quebrei a moto!!!!. De imediato o Marino que já estava
saindo respondeu...Oque???
Quando ele deu meia volta a minha moto já estava em pé, eu
observava atônito o pezinho quebrado, pendurado pela mola. Ele apenas
perguntou, como isso quebrou, eu respondi, estava subindo pelo estribo, ele
apenas fez aquele movimento com a sobrancelha, fico imaginando o que ele
pensou, pois não disse nada.
Pedi para o frentista que veio correndo ao ver a sena,
segurar a moto enquanto eu guardava os pedaços do pezinho no baú e conversando
pelo inter-comunicador decidimos continuar a viagem para entrar logo na
Argentina, pois lá era dia útil e encontraríamos lojas e oficinas abertas.
Montei na moto com a ajuda do Marino foi difícil, pois a
mala sobre o tanque impedia que eu passa-se a perna por cima para subir, mal
saímos do posto e a moto apagou, já estava nervoso com o ocorrido e agora mais
essa!! A moto morreu do nada!! Falei alguns palavrões e quando o Marino
perguntou...Oque foi agora? A resposta já estava na ponta da língua...O sensor
do pezinho! Rapidamente amarramos um arame para segurar o toco do pezinho que
sem a mola abaixou e desligou a moto.
Mais uma vez subi na moto com dificuldade, só que dessa vez
com outra técnica, em vez de ficar de lado para a moto fique de frente levantei
bem a perna e consegui passar o pé sobre o banco, nesse momento a idéia de
mandar rebaixar a moto não me pareceu tão ruim assim.
Tocamos viagem e ás 12:00hs paramos em um posto da Policia
Rodoviária Federal para manter contato com o amigo Carlos Mendes, que teria
saído de Jaraguá do Sul – SC no mesmo horário que nós e com o qual tínhamos
marcado encontro por volta das 15:00hs em Dionísio Cerqueira. Ele informou que
já estava a 160km do destino e que a viagem estava rendendo bem e que em mais
uma hora e meia no maximo estaria lá, de nossa parte ainda tínhamos mais de
250km e chegaríamos lá na melhor das hipóteses as 15:00hs.
Seguimos viagem e depois de Cascavel viramos a esquerda com
destino a Santa Catarina, pegamos a Rodovia PR 163 e aí nossa moleza acabou,
estrada ruim muitos buracos e irregularidades no asfalto, sem acostamento e com
enorme movimento de carretas, tínhamos que abastecer novamente, vimos um posto
de combustível e entramos, de cara vi uma oficina e uma borracharia que estava
aberta, desviei das bombas de combustível e encostei ao lado de uma carreta que
estava fazendo um concerto em um pneu, abri o capacete e falei ao rapaz que
concertava o pneu...A moto quebrou o pezinho você tem aparelho de solda aí? E
para minha alegria a resposta foi “””SIM”””.
Colocamos a moto no macaco jacaré, desmontei o pezinho e em
dez minutos o rapaz me devolveu o pezinho com uma solda mais bonita que a
original e até pintado com tinta preto fosco, perguntei o valor e ele disse R$
30,00 dei R$ 50,00 e agradeci o galhão que ele me quebrou. Perdemos aí mais de
meia hora, nosso tempo se esgotava, a viagem que era tranqüila começou a ficar
tensa por conta do horário e do calor.
Como aquela saída para Santa Catarina é ruim, a paisagem em
volta é linda mais a estrada é péssima, já era mais de 15:00hs quando o Marino
deu seta e parou, desceu da moto e falou...Cara não dá, estou passando mal!
Ficamos um tempo ali, tomamos o resto de nossa água quente e comemos alguma
bolachas, faltava ainda uns 40km para Capanema, quando o parceiro se sentiu
melhor tocamos para lá, paramos em um posto dentro da cidade e fomos nos
refrescar e comer algo.
Liguei novamente para o Carlos informando que estávamos a
uns 80km e que em mais uma hora chegaríamos lá, logo que saímos da cidade o
transito da estrada parou, como não vinha carro no sentido oposto fomos
cortando a fila e a frente de um caminhão estava um hatch vermelho, talvez um
Pálio que havia perdido o controle numa curva e batido de frente no caminhão,
as pessoas ainda estavam dentro do carro e deu para ver a expressão de
desespero da mulher que estava no banco do passageiro. Varias pessoas que
desceram dos outros carros estavam prestando ajuda e alguém até nos xingou
quando passamos pela contra mão e fomos embora, quando chegamos em Dionísio
Cerqueira já era quase 18:00hs, o amigo Carlos estava esperando a quase cinco
horas.
Nos encontramos no local marcado, finalmente depois de
muitos contatos por email e alguns telefonemas tivemos a oportunidade de nos
conhecer pessoalmente, conversamos rapidamente e decidimos seguir viagem e
tentar chegar no destino do dia que seria Montecarlo, pequena cidade 20km ao
sul de Eldorado.
Quando optei em fazer a reserva no hotel em Montecarlo,
levei em conta que ao esticarmos a quilometragem no 1º dia reduziríamos a dos
dias seguintes, assim rodaríamos algo em torno de 880km no primeiro dia e 600km
nos dias seguintes, ficando assim mais tranqüilo para aproveitar a viagem.
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