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domingo, 15 de dezembro de 2013

Dia 16 de Novembro - 2º dia de viagem.



Embora eu acredite que todos tenham os mesmos direitos e devem ser tratados com igual respeito, particularmente não acredito que as pessoas são iguais, acho que existem pessoas que se destacam e efetivamente são dotadas de talentos especiais, um exemplo disso é meu amigo Carlos Mendes que conduz a motocicleta como se ela fosse parte integrante de seu corpo, tem uma tocada elegante, transmite confiança e segurança. De minha parte tenho uma opinião bastante modesta a meu respeito, não acredito que tenha qualquer “dom” especial, todas as coisas que eu faço para atingirem um resultado satisfatório carecem de esforço e paciência. Ao pilotar uma motocicleta não é diferente, talvez por ter aprendido a pilotar já bem maduro, a moto se comporta como um “ente” que tem vontade própria e cada manobra deve ser calculada, sob pena de pagar caro pela falta de intimidade.

O destino do nosso segundo dia seria a cidade de Presidência roque Sanz Pena, distante 660km de Montecarlo. 



O dia começou bem cedo, pois apesar de ter ido dormir na véspera bem tarde, acordei no horário de costume 7:00 hs (horário do Brasil) ou 6:00 hs (horário da Argentina), enrolei um pouco na cama depois tomei um banho e um Dorflex, para reduzir o efeito da(s) Quilmes da véspera, quando sai do banheiro os colegas já estavam acordados. Pensei...Beleza hoje vai ser mais fácil a distância é menor e vamos sair cedo.



Sai ao pátio do hotel e encontrei um senhor e ao conversar com ele descobri que o mesmo era brasileiro de Santa Catarina e que estava com a esposa e alguns parentes viajando em um Apolo e já estavam retornando ao Brasil depois de conhecer a região, como decidimos tomar o café da manhã no hotel e o mesmo só seria servido a partir das 09:00 hs não tínhamos muita pressa, ficamos por ali batendo papo.



Tomamos um bom café da manhã, acima da média para os padrões da Argentina, depois tranquilamente arrumamos as coisas nas motos, acertamos o hotel, batemos mais um pouco de papo, descobrimos que um senhor dono de uma loja de ferramentas estava trocando dólares em uma cotação muito boa, US$1,00 por $9,60 (Peso argentino, isso mesmo só o $), batemos fotos, mais um pouco de papo, trocamos dólares na loja de ferramentas, abastecemos as motos, lubrificamos as correntes e partimos, às 11:00hs (horário da Argentina),....Ué não íamos sair cedo?





Observação: A partir daí acertei meus relógios com o horário local e não usei mais o do Brasil.

A parte da troca dos dólares foi um capitulo a parte, a loja ficava na avenida principal da cidade, a umas três quadras do hotel, cheguei lá sem dificuldade, entrei e perguntei ao balconista se era ali que havia um senhor interessado em trocar dólares e ele pediu um minuto e foi conversar com um senhor nos fundos da loja. O mesmo veio em seguida e perguntou quantos dólares eu queria trocar e eu disse cem, ele fez sinal com a cabeça que sim, ao falar para ele que estava acompanhado de dois amigos que também queriam ele disse que tinha que ver, pois não tinha muito dinheiro.

Ficamos nos fundos da loja conversando com ele algum tempo. Cada um trocou cem dólares, depois eu pedi mais cem, ele estava visivelmente preocupado, perguntou a origem dos dólares, de onde éramos, para onde iríamos, olhou as notas, colocou contra a luz, mais sempre conversando de forma gentil e educada, falou que pretendia vir ao Brasil no ano novo e que amava o Brasil e gostava muito do povo, brasileiro. Quando já estávamos do lado de fora da loja nos preparando para partir ele saiu e veio ao nosso encontro, pediu que se possível, passar pela loja dele na volta, para contar como tinha sido a viagem.

Saímos da cidade e estávamos aproveitando a rodovia que é muito boa (RN 12), íamos subindo e descendo as vezes passando entre pequenas cidades, logo o Carlos que ia a frente parou para pegar uma blusa no baú e fumar um cigarro, informou que ia dar uma esticada pois íamos muito devagar e a moto dele perdia muita velocidade nas subidas, por conta da relação que ele tinha colocado na Falcon, comentei que logo à frente estavam as ruínas da Redução de San Ignácio Mini e que valia a pena dar uma parada para conhecer.

Seguimos e logo o Carlos se distanciou, o reencontramos à beira da estrada no acesso a Redução. Achamos um restaurante bem à porta do museu e decidimos almoçar. Fomos muito bem atendidos, pelo proprietário que se dizia brasileiro do Rio Grande do Sul e lá tive a oportunidade de experimentar pela primeira vez o tal “lomo” sem dúvida o bife mais macio que eu havia comido até então.



Almoçamos com calma, batemos fotos e depois entramos nas ruínas da Redução Jesuíta, que no Brasil chama-se Missão Jesuíta, ficamos por ali uns quarenta minutos e depois pegamos estrada novamente. Nessa região encontramos muitos postos de gasolina e íamos tocando e abastecendo a cada 150km, o Carlos as vezes andava conosco as vezes se distanciava.


Maquete da Redução
 












Seguimos em ótimas estradas até a cidade de Posadas onde há uma grande obra viária, estão construindo lá tipo um anel viário e um grande elevado para facilitar o transito da rodovia.

Era como se estivéssemos rodando no sul do Brasil, a terra “roxa” de Missiones, nos faz sentir no Paraná. À medida que se vai descendo para o sul o solo e a vegetação vai ficando mais pobre e quando se está na província de Corrientes a paisagem já mudou totalmente, não se vê mais matas, aí só tem campos planos com muito gado criado a pasto. Viaja-se ao lado do Rio Paraná às vezes a poucos metros dele.

RN12 - Corrientes



Demos mole em posadas e por conta das obras e do movimento não abastecemos as motos e pouco depois já estávamos preocupados, pois tínhamos um longo trecho sem postos, até chegar em Ituzaingó a próxima cidade. Vinha na frente e minha moto entrou na reserva, tirei a mão do acelerador e a velocidade caiu para 80km/h, o Carlos emparelhou, fiz sinal de negativo e apontei para o tanque, ele acelerou e rapidamente se distanciou.

Seguimos nessa tocadinha curtindo o visual, era sábado e havia muita gente pescando nas lagoas as margens da estrada, ao passarmos por um pedágio, um senhor nos informou que a cidade estava bem à frente e que o nosso amigo havia passado a pouco e também tinha perguntado sobre o posto de gasolina.

Entramos em Ituzaingó e não gostamos do primeiro posto que encontramos, tocamos mais umas duas quadras e encontramos um YPF, paramos e abastecemos as motos, na minha coube 12 litros...hehe..., comemos, bebemos e ficamos ali parados conversando com alguns brasileiros (Caracas! Como tem brasileiro na Argentina).

Calculamos que iríamos encontrar o Carlos na cidade, no posto ou no acesso, ficamos por ali cerca de meia hora e nada, então resolvemos tocar. Estávamos saído da cidade eu na frente seguido pelo Marino, quando vi pelo espelho que o colega havia sido abordado por um carro, depois fiquei sabendo que era uma moça oferecendo ajuda, perguntando se estávamos perdidos e se queríamos que ela nos conduzisse até a saída da cidade. Um pouco depois da entrada da cidade tem outro YPF, paramos lá e perguntamos ao frentista se ele havia visto outro brasileiro de moto por ali e ele disse que não, então concluímos que o Carlos abasteceu na cidade e tocou viagem, com certeza iríamos encontra-lo no caminho.

Pouco tempo depois já estávamos chegando a cidade de Corrientes, paramos antes da entrada da cidade e abastecemos novamente e nada do Carlos. Um parceiro da internet havia me alertado que ao chegarmos na cidade, deveríamos sair da via expressa e pegar a via local que lá se chama “coletora” pois era proibido moto andar na via expressa e que na entrada da ponte há uma arapuca da policia que só não toma dinheiro de brasileiro se não ver o cara passando. Pensando nisso limpei a carteira e deixei lá só $74,00 (setenta e quatro pesos), dinheiro que mal daria para encher o tanque da moto.

Mesmo sendo sábado o transito estava complicado, seguimos pela via coletora e passamos direto pela última entrada para a ponte, fizemos a volta no quarteirão e entramos na alça da ponte e a tal arapuca estava lá e não deu outra, o FDP mandou encostar. Olhou meus documentos, informou que era proibido andar com GPS ligado na moto e que a multa era de $1.400,00 (pesos) foi até a guarita e preencheu a multa no computador, informando que me daria o prazo de 30 dias para pagar sob pena de não fazer a saída da moto do pais.

Então foi a minha vez, dei aquela chorada, disse que era nossa primeira vez na Argentina e que estávamos adorando o pais e se não seria possível ele apenas aplicar uma “correcion verbal” ...hehe....O cretino fez cara de puta e perguntou de onde eu era e qual minha profissão, aí disse para esperar um minuto que ele ia falar com o chefe na guarita.

Saindo da guarita, que com certeza estava vazia, ele disse algo como...o chefe mandou liberar você, mais deve deixar uma colaboração no valor de metade da multa. Abri a carteira e tirei o dinheiro, mostrei para ele e falei que nosso destino do dia era Resistência e que iríamos providenciar pesos lá e que não tinha mais nada, contrariado ele falou que por menos de $ 350,00 ele iria fazer a multa, chorei mais um pouco e tirei $50,00, fui colocar na mão dele, ele deu um pulo para traz e disse em português, ...Lá dentro! Lá dentro! Entrei na parte da frente da guarita e deixei a minha “contribuicion” sobre a mesa, montei na moto e atravessamos a ponte, do amigo Marino eles olharam os documentos e não falaram nada do GPS, mais tarde fiquei sabendo que eles também morderam o Carlos.

Atravessamos a ponte e do outro lado paramos para discutir o que fazer da vida, já era mais de 20:30hs e em breve iria escurecer e teríamos mais 150km para chegar em Presidência Roque Sanz Pena. A essa altura nossa ultima esperança de encontrar o Carlos era no Hotel em que havíamos feito reserva, então decidimos tocar até lá.

Mais um dia com  motocada a noite, exatamente o contrario que havíamos combinado. Por sorte a estrada era boa e a noite ajudava, apesar dos inseto, chegamos em Presidência um pouco depois das 22:00hs, o GPS fez o caminho mais curto para o hotel e entramos na cidade pela periferia da Zona Leste, bem feio o lugar, ficamos preocupados e tratamos de seguir para a região central o mais rápido possível, demos uma parada num lugar melhor e novamente um argentino jogou o carro na frente das motos e veio oferecer ajuda, perguntou as mesmas coisas e se prontificou a nos conduzir até nosso hotel.

Havia feito reserva no Hotel Cassino Gualok, ao chegar lá fiquei admirado com a beleza do lugar, entrei e me informei sobre nossa reserva e sobre a presença do Carlos, como ele não estava lá, teríamos que dividir a conta do quarto triplo em dois, fizemos uma rápida conversão e achamos que ficaria caro, então desistimos de ficar ali. Marquei no GPS o Hotel Presidência, que eu já sabia que também era bem bom e em menos de cinco minutos estávamos lá, com as motos estacionadas e alojados no quarto tentando fazer contato com o Carlos via Facebook.

Pouco tempo depois quando estávamos nos preparando para sair para jantar, o Carlos entrou em contato informando que havia acabado de chegar em Presidência e que estava instalado em outro hotel e como estava muito cansado iria tomar banho e dormir e se encontraria conosco no dia seguinte para seguir viagem.

Sacada do Hotel Presidente


Aliviados saímos para jantar e para aproveitar um pouco do movimento de sábado a noite na cidade que estava fervendo. Arrumamos uma lanchonete enorme com varias mesas na calçada, tomamos mais umas Quilmes e comemos um lanche gigante chamado “lomito” que é um bifão com ovo e outros recheios.

Lá as motoquinhas de 100cc fazem a festa, a molecada de Rancharia ia enlouquecer, pois a farra é geral, todo mundo sem capacete e andando de dois, de três até de quatro na motoquinha, vi até um homen com uma criancinha na frente e a mulher na garupa dando de mamar para o bebe, tudo isso sobre uma scooter xing ling...Compramos água e voltamos para o hotel para dormir.

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