10º Dia de viagem
San Pedro x
Antofagasta
440km
Nosso roteiro para esse dia foi, sair de San Pedro e seguir
até a cidade de Tocopilla e a partir daí, pela ruta 1 chegar até Antofagasta,
encerrando o dia percorrendo pouco mais de 440 quilômetros.
Partimos do Hostel Intipara pouco depois das 08:00hs,
deixamos reservado um quarto para o dia seguinte, quando já estaríamos voltando
e nos despedimos de nossa amiga Consolação.
Como as motos já estavam preparadas, carregadas e de tanque
cheio, nossa partida foi rápida, em minutos já estávamos na estrada passando
pelo “Vale de la Muerte”
rumo a cidade de Calama.
Nesse trecho o que nos chamou a atenção além da paisagem
desolada do deserto foi um imenso parque eólico poucos quilômetros antes da
cidade de Calama.
Ao chegarmos na cidade, notei um carro da policia
estacionado atrás de uma placa, como nos filmes americanos. Parei tirei o
capacete e perguntei ao policial se havia um posto de combustível na estrada,
de modo a abastecermos sem precisar entrar na cidade. O policial conversou algo
com o parceiro e ambos desceram do carro, nos cumprimentaram de forma muito
simpática, fizeram as perguntas rotineiras, tipo, de onde vem? Para onde vão? E nos disseram que nos
acompanhariam até um posto de combustível.
Foi meio maluco, nós três seguindo em comboio a viatura dos
carabineiros de giroflex aceso. Ao chegarmos ao posto de gasolina que era um BR
os policiais desceram novamente do carro para conversar conosco, batemos um
papinho motociclistico, então eu pedi para tirar uma foto com eles e eles
ficaram muito contentes.
Um táxi com placas da Bolívia cheio de garotas (?) parou do
nosso lado buzinado, eu achava que era para nós, mais não era, era só para o
Marino, as mulheres queriam porque queriam bater uma foto com ele (nada de
novo)... hehe ...
Terminamos o abastecimento e os guardas perguntaram se
queríamos escolta para fora da cidade, agradecemos e recusamos e eles foram
embora. Essa atitude legal dos policiais é a imagem que eu guardo do povo
chileno.
Tocamos viagem e logo estávamos descendo a serra, já quase
chegando a Tocopilla. Eu na minha ingenuidade achava que ao nível do mar
estaria mais quente que na montanha, que contava naquele momento com uma
temperatura em torno de uns 20 ou 23ºC. Ledo engano e desagradável surpresa
descobrir que ao nível do mar a temperatura estava uns 10ºC mais baixa.
A descida da serra é abrupta, em poucos quilômetros
despenca-se mais de dois mil metros. Em curvas bem legais, tocamos com cuidado,
pois apesar de ser domingo havia um forte movimento de caminhões, provenientes
das minas na região. Então após a última curva chegamos ao Oceano Pacifico.
Primeira vista do Oceano Pacífico |
Cidade de Tocopila |
Já era hora do almoço e decidimos procurar um lugar para
almoçar e depois tentar achar alguém para trocar o óleo da Falcon do Carlos e
só então seguir viagem.
Entramos na cidade e achamos um restaurante bem simples,
mais com uma bela vista para o mar, entramos e fomos muito bem recebidos pelo
proprietário que fez questão de se sentar a mesa conosco para conversar sobre a
viagem.
Usina termoelétrica |
Oceano Pacífico |
Restaurante em Tocopilla |
Pedimos uma sugestão de peixe e nos foi sugerido um tipo de
cação a milanesa que realmente não decepcionou. Ficamos ali conversando com o
proprietário que nos deu uma série de dicas e conselhos e foi aí que demos a
maior mancada da viagem.
O nosso amigo entre outras sugestões nos orientou de forma
veemente que não seguíssemos até Antofagasta, pois a cidade era grande e muito
perigosa, que nós deveríamos pernoitar em um balneário chamado Mejillones que
fica uns 20km antes de Antofagasta, pois lá era muito bonito e encontraríamos
com facilidade um lugar para se hospedar, seria muito mais proveitoso para nós!
Bem o conselho entrou por um ouvido e saiu pelo outro.
O nome dessa cidade “Antofagasta” estava a uns bons anos
martelando na minha cabeça e eu não iria deixar de passar por lá!
Conseguimos o endereço de uma oficina de motos e talvez
daríamos sorte de encontrar o dono por lá, mais nada feito. Decidimos então
tocar viagem, foi quando vi um posto da Shell muito grande e estruturado, aí
pensei, com as ferramentas do posto conseguiríamos trocar o óleo!
Entrei com a moto e fui falar com o frentista, os colegas
ficaram para trás. Todo simpático expliquei ao frentista o nosso problema e que
tínhamos o óleo e só precisávamos das ferramentas, ele sem cerimônias disse não
e virou as costas, eu toquei a moto e insisti. O dito cujo virou par mim e
disse em voz alta. NO! VÁ PARA TU CASA!
Foi a primeira vez que fui tratado assim na viagem, fiquei
meio chocado, mais pensei que enquanto ele estava trabalhando no domingo talvez
por um salário pífio eu estava ali desfrutando do país dele, curtindo minhas
férias, fazendo algo que ele provavelmente jamais faria. Então dei de ombros e
fui embora.
Os meus amigos estavam sem fôlego de tanto rir, acabei rindo
também.
Seguimos o GPS e rapidinho estávamos curtindo a Ruta 1, com
o Oceano Pacifico de um lado e a Cordilheira dos Andes do outro. Na verdade a
cordilheira acaba no mar a estrada é escavada na encosta da cordilheira.
Pilotar naquelas curvas foi inesquecível o visual é incrível.
Ruta 1 |
Na minha cabeça ficou a pergunta. Como eles conseguem fazer
uma estrada tão boa sobre a areia? Deveriam ser contratados para ensinar nossas
autoridades a fazer estradas...
Não demos sorte, pois o dia que estava lindo e ensolarado,
foi fechando e antes de chegarmos a Antofagasta já estava nublado e cinzento.
Passamos direto pela entrada do Balneário de Mejillones, e em poucos minutos
estávamos rodando em Antofagasta.
Apesar de ser domingo à tarde a cidade estava bem
movimentada com bastante gente na rua e um forte movimento no transito. Não
havíamos feito reserva, então marcamos alguns hotéis no GPS e saímos na
captura.
Fomos a uns quatro ou cinco e não demos sorte, todos
lotados. Encontramos até o Hotel Marsal que deve ser de algum
parente...hehehe...A noite já estava chegando e nada de acharmos, já estávamos
preocupados. Então encontramos lugar em um Apart Hotel com vaga de garagem, num
precinho razoável e pegamos.
Quando entramos para ver o quarto, não era um quarto e sim
um apartamento de três dormitórios, sala cozinha e lavanderia com dois
banheiros. Beleza dormir sem nego roncando na cama do lado.
Os amigos não gostaram nada-nada da cidade e resolvemos não sair a noite, então eu e o Carlos fomos a
um supermercado que ficava a umas duas quadra e compramos mantimentos para
fazer na cozinha do apartamento uma macarronada acompanhada por um garrafão de
vinho Gato Preto.
Meu sonho de ver o por do sol no Oceano Pacifico morreu
assim...Literalmente na praia. Phoda é que se tivéssemos ficado em Mejillones
como o amigo do restaurante sugeriu teríamos aproveitado muito mais, talvez até
com banho de mar.
Poderíamos ter aproveitado também um pouco mais, descendo no
dia seguinte, até algum balneário mais para frente, mais no momento, nenhuma
idéia surgiu, só a vontade de voltar.
Essa foto não é minha, peguei em um site turístico do Chile. Se quiser uma foto do por do sol no Pacífico tenho que voltar lá! |
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