Fizemos os tramites na aduana rapidamente, conversamos com o
oficial que nos advertiu para ficarmos na cidade (Bernardo de Irigoyem), pois
estava prevista forte tempestade com possibilidade de granizo naquela noite,
ignoramos o aviso, trocamos alguns dólares por pesos com um cambista que estava
do lado argentino da aduana e partimos em busca de um posto, eu estava eufórico.
Em um cruzamento aguardando o semáforo abrir, éramos
observados por um grupo de garotas que saíram da escola, todas de uniforme com
aquelas saias características. Errei a marcha da moto e ela morreu o Carlos que
estava atraz não conseguiu desviar aí foi só o barulho do baú da moto dele
chocando-se com o baú da minha moto, foi um solavanco e tanto mais não perdemos
o equilíbrio. Depois descobri que a colisão quebrou o suporte do meu baú que a
partir daí ganhou um elástico extra para fixar bem.
Logo na saída da cidade havia um comando da Policia Caminera
e eu pensei...Pronto lá vai “contribuicion”! Mais os policiais não demonstraram
interesse em nós só fizeram sinal com a mão para passarmos e fomos embora,
rodamos mais alguns minutos e o Marino já deu seta, paramos e fomos guardar os
objetos que molham, pois o tempo estava ficando feio.
De cabeça eu lembrava que o trecho entre a fronteira e a
cidade de Eldorado era algo em torno de 120km e que era bem deserto, depois
teríamos mais 20km até Montecarlo, a noite foi caindo, o tempo fechando e não
demorou para desabar a tal tempestade. O que estava tenso por causa do horário
ficou pior pela chuva.
Reduzimos a velocidade e os 120km até Eldorado pareciam ser
300km, não rendia e estava realmente perigoso, só não foi pior porque a estrada
é bem deserta e raramente éramos ultrapassados, fomos em formação compacta,
assim os faróis iluminavam melhor, eu estava na frente mais logo pedi para
outro liderar o Marino tomou a frente e após uns 20 minutos ele diminuiu muito
a velocidade e eu entendi que ele não estava conseguindo enxergar por conta de
ter embaçado o óculos, abri minha viseira e tomei a frente, sempre em
velocidade reduzida e de viseira aberta fomos tocando.
Nunca tinha visto algo parecido, devido ao calor à chuva
caia e ao entrar em contato com o asfalto quente, subia na forma de uma forte
neblina. Num determinado momento notei a aproximação de um carro que pelo
espelho parecia ser uma caminhonete, a mesma ficou alguns segundos atrás do
Marino que era o último da fila e de repente o FDP saiu numa ultrapassagem bem
arriscada, que quase tirou o Marino da pista.
Chegamos a Eldorado, com a unânime certeza que deveríamos
ter ficado tomando cerveja em Dionísio Cerqueira.
Paramos logo na entrada de Eldorado a fim de nos
localizarmos, notamos que a cidade estava às escuras, sem energia, acho que
devido as chuvas e aí tomamos outro susto quando um cara com uma saveiro, jogou
o carro na frente das motos e já desceu falando.
Hola ustedes son brasileño?
Se pierden?
Necesitas algo?
Puedo ayudarle?
Se pierden?
Necesitas algo?
Puedo ayudarle?
También
soy mociclista!
Com os olhos arregalados começamos a explicar que estávamos
com reserva num hotel em Montecarlo e que queríamos ir para lá, ele se ofereceu
para nos levar até a saída da cidade e que deveríamos segui-lo, observei que
havia uma mulher dentro do carro isso me deixou mais tranqüilo em segui-lo.
Fomos por uma via paralela que desviou do centro e ele nos
deixou em um posto YPF na saída da cidade, trocamos alguma palavras ele disse
que era pena termos que ir, pois poderíamos ficar em Eldorado que tinha muitos
hotéis e que ele nos levaria para conhecer a cidade, que tinha até cassino, agradecemos
e demos uns adesivos para ele e ele nos deu um cartão, se não me engano ele é
mecânico de motos e tem uma oficina na cidade, tenho que dar uma busca para ver
se acho esse cartão, pois o cara é gente fina e pode ser de grande utilidade
para quem se aventurar naquelas bandas e tiver algum problema.
Saímos de Eldorado, ainda tínhamos mais 20km pela frente,
mais a chuva tinha parado e a estrada (RN12) é espetacular, em poucos minutos
eu já tinha passado direto pela entrada da cidade, dei conta que estava sozinho
e voltei uns 3 ou 4
quilômetros para encontrar os amigos conversando na
entrada da cidade. O meu GPS estava desligado e guardado dentro do baú por
conta de não ser a prova d’agua, então tivemos que chegar no hotel na base da
pergunta.
Chegamos ao Hotel Cabanas lãs Orquídeas, às 22:30hs (local) 23:30hs
do Brasil, pilotamos mais de 880km em 18 horas, estávamos cansados, molhados,
com fome e sede, fomos atendidos por uma mulher assustada que me pediu o papel
da reserva do site e após nos acomodar, ainda nos forneceu a senha do Wifi e se
prontificou a pedir algo para que pudéssemos comer, liguei para casa contando a
aventura, tomamos banho e optamos em sair para comer uma pizza e fechar o dia
com uma Quilmes bem gelada.
Link do Hotel Cabañas Las Orquideas: http://www.orquideasmontecarlo.com.ar/
Hotel Cabañas Las Orquideas |
Estou acompanhando o relato porque pretendo fazer essa viagem em fev/2014
ResponderExcluirOlá Lauro, muito obrigado por estar acompanhando o blog. Quanto a viagem, se programe, se prepare e vá, pois vale muito a pena.
ExcluirAbraço.