Chegamos a Salta
O nosso terceiro dia de viagem começou encontrando o amigo
Carlos que não quis esperar por nós em seu hotel de modo que mal tínhamos
acabado de arrumar as coisas nas motos e ele já estava lá.
Pagamos a conta do Hotel Presidente (o qual recomendo) e
partimos, nosso destino do dia seria a cidade de Salta a 650km de distancia. Nos
vários relatos que li, esse trecho sempre foi descrito como sem atrativos, mais
é o caminho mais curto para San Pedro de Atacama.
A manhã de domingo estava ensolarada e estava prometendo
forte calor, rodamos alguns kilometros e chegamos à rotatória em Avia Terai, que
divide o caminho, quem vira a esquerda vai rumo Santiago del Estero e quem vai
reto segue para o meio do Chaco.
A estrada vai em uma reta só a uma altitude de mais ou menos
90 metros
sobre o nível do mar, não tem curas, nem subidas ou decidas, a vegetação é bem
feia, tipo um campo cerrado com arvores baixas e espinhosas e tudo é bem seco,
disseram que fazia seis meses que não chovia na região, o asfalto é de boa
qualidade e tem uma tonalidade diferente, meio alaranjada, que me chamou a
atenção eu achei bem bonito, a medida que vai se afastando de Presidência o
tamanho e vigor das propriedades as margens da estrada vai diminuindo e o cenário
vai ficando mais pobre. Por ser domingo o movimento era pequeno e bem de vez em
quando ultrapassávamos ou éramos ultrapassados por alguém.
À medida que íamos adentrando no Chaco, percebemos como
tinha sido acertado esticar o segundo dia até Presidência, pois somando-se os
150km percorridos na noite anterior aos 650km de hoje, teríamos 800km dessa
monotonia.
Dizer monotonia é força de expressão, pois viajar de moto em
uma estrada com animais soltos na pista não da tédio em ninguém. Lá tem, bois,
cavalos, burros, cabras, ovelhas, porcos e galinhas soltas na pista em grande
quantidade. No inicio parávamos, mais com o tempo vai-se acostumando aí só se
diminui a velocidade e vai para a outra pista, vimos muitas carcaças de animais
atropelado e de alguns caros destruídos. Seguíamos com muita atenção e às vezes
quem vinha na frente fazia sinal com a mão e o grupo parava na pista para
esperar um rebanho cruzar de um lado para o outro.
Tocamos até a cidade de Pampa del Inferno aí paramos para
bater umas fotos, como havíamos rodado bem pouco decidimos abastecer mais para
frente, em Pampa de los Guanacos e aproveitamos para almoçar e nos refrescar no
ar condicionado do restaurante que fica no posto, se não me engano o posto
chama-se “Refinor”, a temperatura do lado de fora era de 38ºC e eu fiquei
imaginando em Janeiro ou Fevereiro como aquilo deve ser.
Conversando com um motorista de caminhão fomos alertados que
encontraríamos cerca de 50km de asfalto em mal estado nas proximidades da
cidade de Monte Quemado e que a quantidade de animais soltos na pista nessa
região era bem maior.
Eventualmente passávamos por postos da Policia Caminera,
mais não fomos parados em nenhum. As pequenas cidades estão espalhadas pelo
caminho em distancias que variam de 30km a 50km todas tem posto de gasolina,
restaurante e algum tipo de acomodação, de modo que não é o fim do mundo como
comentam.
Rodamos mais uns 120km e paramos novamente em Monte Quemado,
nos hidratamos e abastecemos as motos. Mais um tiro e paramos em Joaquin V.
Gonzales, onde não encontramos combustível. A essa altura a paisagem já
começava a mudar a altitude aumentou um pouco e a vegetação se tornou mais
verde e bonita, algumas belas propriedades agrícolas com grandes maquinários e
algumas plantações de soja e girassol. Como ainda tínhamos bastante combustível
tocamos sem preocupação até Ceibalito, onde abastecemos em um bom Posto YPF,
alias essa marca na Argentina é sinônimo de qualidade nos serviços.
Ao sairmos da cidade, observei uma imensa cadeia de
montanhas no horizonte e fiquei emocionado, pois pensei que aquela era a minha
primeira visão da cordilheira, fique meio chateado pois não consegui bater uma
foto bacana, mais depois descobri que aquelas montanhas eram na verdade uma
serra que fica antes de Salta.
A tarde já se estendia e depois das 18:00hs chegamos ao fim
da RN16, num entroncamento sem graça viramos a direita e seguimos em direção a
Salta na excelente RN09. Fizemos uma última parada na sombra de uma arvore e
depois tocamos direto até Salta.
Numa praça de pedágio aproveitei para marcar no GPS o
endereço do Hostel que havíamos reservado. O contratempo do dia foi termos nos
separado na entrada da cidade, mais fiquei tranqüilo pois o Marino também
estava com o GPS ligado e alguns minutos após eu ter parado a moto na frente do
Hostel eles encostaram.
O nome do hostel que ficamos é Hostel Coloria e trata-se de
uma casa de classe média, com uns 30 anos de idade, muito bem decorada, que nos
leva de volta aos anos 80. a
casa é bonita mais os equipamentos são antigos, é relativamente limpa e o
atendimento mais ou menos, menos que mais, por termos ficado em um quarto muito
pequeno com duas beliches achei que a economia não valeu a pena.
Sala de estar do hostel |
Quarto pequeno e apertado |
Ao planejar a viagem pensei em ficar duas noites em Salta
para poder ter um dia livre para conhecer a cidade. Essa idéia se mostrou muito
boa, pois vale muito a pena e acaba dando vontade de ficar mais tempo.
Pela primeira vez chegamos com luz do sol no destino e após
arrumar as coisas e tomar um banho, saímos em busca de um lugar legal para
tomarmos uma cerveja e podermos bater um papo sossegado e sem pressa. Pergunta
daqui pergunta dali e um argentino nos indicou um lugar chamado “Paseo
Balcarce”, que a princípio achávamos ser um bar ou restaurante e depois
descobrimos que se tratava de um trecho de uma rua com um monte de bares e
restaurantes, que servem uma infinidade de pratos típicos, regado a uma boa
cerveja além de música e dança regional. Bem legal! Era o que estávamos
procurando!
Paseo Balcarce - Bares e restaurantes |
Escolhemos um bar na esquina e pedimos uma cerveja de litro
chamada “Salta”, só para experimentar e a partir daí a Quilmes virou segunda
opção. Ficamos curtindo o movimento no “Paseo” até um pouco mais tarde, pois no
dia seguinte estávamos “de folga”.
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